Instituto da Inteligência (*) questiona modelo actual de ensino – o sr. Esperto e o sr. Inteligente

No tempo em que o Herman José ainda não saracoteava a ‘bilha’ nem dava gritinhos histéricos com voz aflautada, o humorista participava uma charge muito conhecida, na nossa televisão. A parelha incluía o Nicolau Breyner que, honra lhe seja feita, continua heterossexual assumido e comprovado, no quinto ou sexto casamento. Chamava-se “O sr. Feliz e o sr. Contente”.

Um dizia mata, o outro esfola. Um bradava ‘aqui d’el rey’, outro gritava pela guarda, que havia moinante na costa. Um fazia as perguntas óbvias, outro respondia o que já se calculava. Tinham piada sobretudo porque davam voz a situações que o povo conhecia e que o agrediam no seu quotidiano.

O Instituto da Inteligência, de cuja existência eu nem sequer suspeitava, foi notícia em tudo quanto era sítio, a propósito de um estudo conduzido pelo dr. Nelson Lima. Como a Lusa teve a ideia de o entrevistar, deu-se a chamada notícia bíblica: à semelhança dos pães e peixes, multiplica-se despudoradamente e transforma-se numa enxurrada que brota de todo o lado.

O dr. Nelson Lima interrogou 400 alunos e descobriu que 70% deles ‘preferem apostar na memorização tendo em vista os testes de avaliação’. Caramba! Coisa nunca vista! Memorizar matéria de estudo? Ainda por cima antes de um exame? E porquê? Porque ‘oito em cada dez alunos com insucesso escolar dizem ter dificuldades em seguir raciocínios e métodos de ensino dos professores’. Bolas! Isto é grave!

Mas o dr. Nelson Lima guarda o melhor para o fim, cioso da cereja em cima do seu bolo: Os testes escolares acabam por avaliar aquilo que os alunos foram capazes de memorizar para as provas e não o que, na verdade, conseguiram aprender’. Como é possível serem tão estúpidos, todos os responsáveis pela Educação, desde a ministra até ao auxiliar que vigia a entrada da Escola E+B da Arrentela? É inadmissível, haver testes que avaliem o que os alunos memorizaram, em vez de avaliarem o que os alunos aprenderam!

Aqui, tive que parar para respirar fundo, com a sensação de que as figuras do sr. Feliz e do sr. Contente, chapéu de coco e bengala na mão, faziam sapateado no meu hipotálamo. A pulsação acelerada, ataquei o parágrafo seguinte, a medo, mãos trémulas, boca seca. Que outros desastres me iria anunciar o caríssimo dr. Nelson Lima, do lídimo Instituto da Inteligência?

Terminado o parágrafo, limpei o suor da testa e suspirei de alívio. Nada de grave. Apenas o sr. Esperto a fazer de sr. Inteligente. Sem a piada que o Herman e o Nicolau Breyner tinham. Porque o sr. Esperto, armado em sr. Inteligente, explica-nos que ‘precisamos urgentemente de uma escola menos dogmática e burocrática e de um ensino mais compatível com o cérebro, de forma a incentivar o pensamento criativo e a inteligência dos alunos, em vez de se satisfazer com aprendizagens apressadas e fragmentadas, feitas à custa da capacidade de memorização dos alunos’.

A ‘memorização’, esse instrumento da Idade Média, não serve para as nossas crianças, diz o sr. Esperto. Tam-taram-tam-tá-tá! (intermezzo musical) A tabuada, aliás, não se memoriza, aprende-se! Muda o plano e vê-se agora o sr. Inteligente: ‘A dificuldade de descodificação não resulta apenas de défices linguísticos ou de falta de atenção dos alunos. Surge mais como uma deficiência dos métodos de ensino, que resultam de um modelo educativo que não é compatível com o processamento de informação do cérebro da grande maioria dos alunos’. Tam, tam, tam, tamm! (Primeiros acordes da Nona Sinfonia de Beethoven)

Nas últimas linhas da notícia, o sr. Esperto e o sr. Inteligente lançam-se num dueto intercalar, dando-nos alguns raios de esperança e pintando o mais negro dos desesperos: ‘O insucesso escolar é um problema que está «para continuar» e que terá tendência para se agravar, já que não se vislumbram medidas de fundo que resolvam os verdadeiros problemas do sistema.’

Aposto 500 euros em como o sr. Esperto já tem prontas as 673 ‘medidas de fundo’ que resolveriam imediatamente, na sua opinião, esses ‘verdadeiros problemas do sistema’.

—– NOTAS ——

(*) O Instituto da Inteligência aparentemente, foi fundado em 1995 na Checoslováquia. Entre outras coisas, faz ‘exames para descobrir sobredotados. Os exames podem ser escritos ou através de pequenos aparelhos, que irão servir para descortinar na criança apetência para a concentração, memorização ou ainda a sua apetência musical’. Sim senhor! O dito Instituto da Inteligência desdobra-se por TREZE BLOGUES, mas não encontrei nenhum portal ou ‘home-page’ digno de uma instituição com tão louváveis pergaminhos. Os blogues são, na sua quase totalidade, auto-promocionais.

(*) O Doutor Nelson S. Lima, único nome que aparece em centenas de artigos, notas, observações, etc, etc, associadas ao Instituto da Inteligência ‘é Neuropsicólogo Clínico, analista de Competitive Intelligence, especialista em Hipnologia Médica (cart.prof.8752/Espanha) e doutorado em Investigação Psicológica. É director do Instituto da Inteligência e responsável pelo Laboratório de Neuropsicologia e Investigação (Porto). É membro de várias associações profissionais e científicas tais como a Associação Americana de Psicologia, a Cognitive Science Society, a International Neuro-Psychoanalisys Society, a Associação Brasileira de Analistas de Inteligência Competitiva, a Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico e a American Consumer Opinion. É doutor honoris causa da O.I. University e membro da Faculdade de Psicologia da B.I.University. É pai de quatro filhos, sendo dois menores. Vive no Porto.’ – assim reza o perfil colocado no blogue ‘Perguntas ao dr. Nelson S. Lima‘. Noutro blogue, diz-se que tem também formação em Psicologia Transpessoal.

(*) O Instituto de Inteligência tem aquilo que os políticos e ‘marketeiros’ chamam de ‘boa Imprensa’, como se pode ver por esta lista, colocada aqui, em 19 de Janeiro de 2006:

 

  • O Jornal de Notícias publicou ontem (quarta-feira), no suplemento “Sénior” um trabalho do jornalista José Reis sobre “idades e envelhecimento” no qual o nosso instituto participou através do neuropsicólogo Dr. Nelson S. Lima.
  • Ontem recebemos também a visita de uma equipa de televisão da SIC que veio realizar uma reportagem sobre a “memória”, a qual será transmitida em Fevereiro.
  • Durante a tarde, a TSF ouviu o Dr. Nelson Lima numa emissão em directo dedicada ao insucesso escolar na disciplina da “matemática”.
  • Chegou-nos a edição número 1 (Janeiro 2006), da revista espanhola La Estación, da Asociación Española para Superdotados y con Talento, publicou uma artigo do Dr. Nelson S. Lima sobre “professores e aprendizagens”.
  • A revista SÁBADO (edição de 6 a 11 de Janeiro) publicou um destaque especial de várias páginas sobre a memória humana onde o neuropsicólogo Dr. Nelson Lima, do Instituto da Inteligência, fornece vários esclarecimentos. A não perder!
  • Também o CORREIO DA MANHÃ de 8 de Janeiro inseriu a opinião daquele neuropsicólogo relativamente aos programas alternativos destinados aos alunos com insucesso escolar crónico e que foram anunciados pelo Ministério da Educação.
  • E ainda: na revista CRESCER, do mês de Fevereiro, será publicado um trabalho sobre crianças sobredotadas no qual o nosso Instituto colaborou.Brevemente, também o JORNAL DE NOTÍCIAS abordará o tema da neuróbica (ginástica mental) tendo o nosso Instituto fornecido os esclarecimentos solicitados sobre o tema.
  • Finalmente, as SELECÇÕES READER´S DIGEST vão publicar um trabalho sobre “o cérebro e os telemóveis” no qual também o nosso Instituto colaborou.

(*) A ‘boa Imprensa’ é actualizada quase ao minuto. Mal a Lusa colocou a história em linha, os órgãos de Comunicação Social, em pleno Verão, à míngua de incêndios de jeito, atiraram-se a ela quem gato a bofe. Disso mesmo dá conta um dos blogues do dr. Nélson S. Lima, o ‘Instituto da Inteligência‘, neste post:

 

(*) O Instituto da Inteligência diz ter atendido, no Porto, ‘mais de 7 mil clientes de todos os distritos (..) e em Lisboa nos últimos 5 anos. Mais de 12 mil professores participaram já nas nossas acções de formação e sensibilização em mais de 100 escolas de todo o país e Espanha‘. É obra. Deve ter uma facturação razoável e pagar um balúrdio de massa em IRC, com tanto cliente. Mas o Instituto da Inteligência não é sovina. Quer partilhar o sucesso. Por um punhado de euros, você pode abrir uma filial, em regime de frachising, como se explica aqui. Os custos são estes:

(*) Estes centros fornecerão, entre outros, os seguintes serviços:

  • diagnóstico e acompanhamento de crianças sobredotadas,
  • diagnóstico e apoio pedagógico a alunos com insucesso escolar,
  • tratamento de dificuldades de aprendizagem,
  • análise e tratamento de problemas comportamentais,
  • psicoterapias para crianças, adolescentes e adultos,

(*) E ainda outros serviços exclusivos, tais como:

  • Programa de Optimização Cerebral (para melhoria geral do cérebro, prevenção do envelhecimento, tratamento de doenças neurológicas como Alzheimer, senilidade, demência, etc).
  • Programa de Optimização Cognitiva (melhoria geral da função cognitiva, neurofitness, reabilitação cognitiva, etc).
  • Optimização da Aprendizagem (programa de melhoria do potencial de aprendizagem, crianças e adultos, etc).
  • Actividades de Filosofia para Crianças (novo, ver texto acima).
  • Terapia por Neurocontrolo (para a hiperactividade, etc.).

Nota final: Não ficou nenhum editor na Redacção da Lusa, em Agosto? Foram todos de férias?

13 Responses to Instituto da Inteligência (*) questiona modelo actual de ensino – o sr. Esperto e o sr. Inteligente

  1. Holandês Voador diz:

    O eduquês em discurso directíssimo…

  2. O ‘eduquês’ com faro comercial e um óptimo marketing. Uma entrevista da Lusa, não é qualquer um. Como agência noticiosa nacional, a Lusa investiga minimante os sujeitos da notícia e só entrevista pessoas com credibilidade científica estabelecida e confirmada. Digo eu…

  3. acoral diz:

    Um ano cravo outra na ferradura, basta vê-lo de perfil para se perceber a categoria de personna q ele é!

  4. Mas apareceu em todos os jornais nacionais… Publicidade é a alma do negócio. Com uma ajuda da Lusa.

  5. M.A.Diniz diz:

    Vocês queixam-se de que o Instituto da Inteligência tem muita publicidade na comunicação social? Pudera! Já viram o espaço que a “máquina zero” lhes deu???? Vocês queixam-se mas afinal fizeram o mesmo!!!
    De resto, sou professor e conheço o Instituto da Inteligência e o dr Nelson Lima. É gente que sempre me pareceu honesta, sabedora do ofício (psicologia) e muito dinâmica. Por isso nos parecem estranhos…mas a culpa é do país que está habituado a gente mais cinzenta e sedentária.
    Passem bem.
    Diniz

  6. Tem razão Sr Diniz. Sou mãe e um dos meus filhos foi acompanhado com o maior profissionalismo pela equipa do Dr. Nelson Lima. Este senhor tem classe e é um digno profissional. Se os jornais o procuram há tanto tempo é porque ele e o seu instituto merecem. Quanto ao resto, tenho a lamentar, como já o fiz noutra página da máquina zero, que vocês todos mandem umas bocas mas escondem-se sob pseudónimos. Parecem uns encapuçados. Têm medo de assumir frontalmente? Dêem a cara, por favor ou o que vocês escrevem deixa de ter significado.
    Um abraço.

  7. Concordo consigo Maria A B Moreira. Não é por acaso que o Dr Nelson Lima foi convidado pela Editora Abril (a maior da América do Sul) a estar presente num grande evento em S.Paulo como palestrante, no próximo mês de Setembro. Os senhores da máqui na zero falam do que não sabem e isso é muito lamentável. Quanto ao anonimato dos comentadores deste site…está tudo dito. Devem valer muito pouco ou então davam definitivamente a cara.
    Jessica Martinez (jornalista brasileira free-lancer)

  8. Desculpem. Me esqueci de um detalhe. Quando você, Maquina Zero” escreve “..Instituto da Inteligencia de cuja existência eu nem suspeitava”….Brrr, que ignorância!!! Eu, como jornalista, conheço esta instituição há anos…E no Brasil é bem conhecida! Vários e revistas referem o trabalho deles. Até na Itália e na Roménia há referências ao Instituto da Inteligência, você sabia? Pesquise na internet, isso ajudá-lo-á. Eu investiguei e sabe que nos arquivos do jornal PUBLICO o instituto é pela primeira vez abordado em 1998? Pois é, nesse ano, eles foram entrevistados e aquele insuspeito jornal ocupou quase uma página inteira com esse trabalho. E sabe que, creio que em 2000, eles foram notícia de primeira página com o cabeçalho principal, num domingo, também no Público? E também o Dr Nelson Lima é frequentemente entrevistado por revistas como a Sábado (eu já vi várias). Você é mesmo ignorante. Páre então de dizer besteiras e em vez de tentar morder pessoas de bem.
    Jessica Sileime Martinez (jornalista)

  9. Também o Bibi foi primeira página de muitos jornais e isso não faz dele gente séria. Psicólogos dirigem institutos que vendem frachisings a 20, 30 mil euros, não me inspiram confiança. E quando têm a conversa que teve o seu amigo, então já não é uma questão de confiança. É apenas uma questão de higiene e saúde pública.
    Quanto ao Diniz e à Maria Arminda Braga Moreira, o rasto que deixam, na Internet, conduz ao mesmo sítio de onde saiu a Jessica! Que estranho…

  10. Clara diz:

    O caro MZ, inspira imensa confiança. Você não sabe o que escreve nem do que fala.

  11. Mauricio, utente do Instit. Intelg. diz:

    O Instituto da Inteligência, o Dr. Nelson Lima e a sua equipa têm mérito, progridem no conhecimento a cada dia, não falam à toa, fundamentam na experiência as suas afirmações, ajudam milhares de pessoas, brotam como podem sem forçar ninguém e sem publicidade enganosa, e são deveras conhecidoa em vários cantos do Mundo, não se confundindo com MZs anónimos que, concretamente, não opinam com nenhum conteúdo util memorizado. Nem falemos , por isso, em funções cerebrais mais elaboradas.
    Parabéns MZ pelo domínio do teclado. Foi uma boa aposta!

  12. Miguel Costa diz:

    É muito interessante encontrar Estes comentários.
    Eu conheço o (pretenso) Dr. Nélson Lima. Na altura (década de 90) ele vendia-se bem como consultor de marketing e vendas. Apresentava credenciais, normalmente numerosos diplomas de universidades de leste. Com algumas palestras (ser bem falante é um talento que se lhe reconhece) dadas em associações comerciais e industriais, ele obtinha uma certa visibilidade. infelizmente foi contratado pela nossa empresa, onde se revelou uma nulidade na matéria. Em vez de cumprir os objectivos comerciais que tinha negociado, ele oferecia descontos e outras condições comerciais para os quais não estava autorizado. Depois de esgotada essa mama, encontrou refugio numa área onde os bem-falantes estão como peixe na água e raramente são escrutinados!

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