Quinta da Fonte, o nosso primeiro ‘banlieu’ (II)

03/31/2007

Ou como tentar esvaziar o mar com um dedal

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O Bairro da Quinta da Fonte é constituído por 786 fogos de habitação, onde foram realojadas 480 famílias em 1996, mais 350 do que as inicialmente previstas. Em 2001, o Bairro da Quinta da Fonte tinha 2.767 habitantes, dos quais cerca de 40 por cento seriam de origem africana (Cabo-Verde, Angola, Guiné, Moçambique), 40 por cento de etnia cigana e os restantes portugueses de origem – também referenciados como “lusos”, nalgumas publicações. Desemprego elevado, taxa de analfabetismo em crescimento, famílias de grande dimensão (45 por cento terão entre 1 a 4 pessoas, 55 por cento têm entre 5 a 10 elementos), altas taxas de insucesso, absentismo e abandono escolar (situação “particularmente preocupante na população de etnia cigana”), são algumas das características apontadas num relatório da Câmara Municipal de Loures. Acresce a isso, de acordo com o mesmo documento, um crescimento natural da população “particularmente significativo (até pelas próprias taxas de natalidade características das comunidades que compõem o bairro).”

Além disso, “a incidência de fenómenos subterrâneos que geralmente iludem as estatísticas, como o acolhimento de parentes e conterrâneos ou o aluguer/venda clandestina de alojamentos, tendem a reforçar o crescimento demográfico do bairro.” A Quinta da Fonte é (já era, em 2003…) um espaço degradado, com “os espaços e equipamentos comuns dos prédios” a apresentarem “um avançado estado de deterioração (…)”. Aliás, a “deterioração dos espaços públicos do Bº Quinta da Fonte é talvez a característica que em primeiro lugar salta à vista (…) O frequente abandono de lixos e monos na via pública contribui para a degradação e insalubridade dos espaços e equipamentos colectivos do bairro (…)” salienta o relatório dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Loures.

Posto isto, algumas questões muito simples:

Para resolver esta chaga social são necessários grandes investimentos, em matéria de reinserção social. É possível fazê-lo sem antes limitar o seu crescimento? Ou seja, de que vale ter programas de reinserção que possibilitam a dez famílias sair deste círculo vicioso de pobreza e exclusão, se entretanto já estão mais dez famílias na mesma situação? Isto é tentar esvaziar o mar com um dedal! E vamos cometer aqui um crime de lesa-majestade, para a Esquerda, afirmando que um pedreiro guineense consegue sustentar toda a família se esta estiver na Guiné-Bissau, mas não a consegue vestir, calçar e alimentar se a trouxer para Portugal.

Que sentido faz continuar a respeitar “tradições culturais” que conduzem, entre outras coisas, à ausência de habilitações académicas e/ou profissionais, produzindo miséria para as novas gerações, como acontece na comunidade cigana? Não será tempo de encarar formas mais coercivas de impor o usufruto de direitos fundamentais, como a escolaridade mínima obrigatória e uma educação que não seja coartada, aos 13 ou 14 anos, com um casamento e um rancho de filhos, antes dos vinte anos? Não será tempo de fazer perceber a estas pessoas, de forma mais incisiva, que ter oito ou dez filhos implica a responsabilidade de usufruir de proventos suficientes para os sustentar, com um mínimo de dignidade e condições?


E esta frase, será racista? Ou xenófoba?

03/31/2007

“Gosto de música africana feita por africanos e que reflicta a identidade africana. Há africanos que nada têem de África. Estes não os gosto” – Egídio Vaz, bloguista do Ideias de Moçambique.


Esta frase é racista?

03/30/2007

“Gosto de música portuguesa feita por portugueses e que reflicta a identidade portuguesa. Há portugueses que nada têm de Portugal. Destes, não gosto”.

Sim – Carregue AQUI                                            Não – Carregue AQUI


Imigração a preto e branco

03/30/2007

A indignação de um moçambicano

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Egídio Vaz, um camarada que bloga no Ideias de Moçambique e no Tuga (?), já aqui terçou armas em torno de questões relacionadas com a imigração africana para a Europa. A propósito da campanha do PNR, o Egídio Vaz classifica o cartaz daquele partido como sendo “uma placa publicitária contra a imigração e contra a Humanidade”. Depois, tem a gentileza de classificar o Máquina Zero como sendo portador de uma “ideologia doentia e desesperada”. Meu caro Egídio Vaz, espero que você, em Moçambique, seja um árduo defensor da mesma política de imigração para o seu país que você acha que Portugal e os outros países europeus são obrigados a praticar. Espero que você lute para que o seu Governo abra a porta aos imigrantes do Zimbabwé, tal como Portugal abre a porta aos imigrantes africanos. E que lhes conceda os mesmos direitos que Portugal concede aos imigrantes africanos. Caso contrário, terei o prazer de o considerar bem-vindo às fileiras daqueles que defendem, nas suas palavras, “uma ideologia doentia e desesperada”. Se calhar, a política de imigração da maioria dos países africanos – incluindo Moçambique – não é muito diferente da política de imigração que o Partido Nacional Renovador defende. A única coisa que os distingue é a cor…