Afinal, ele sempre se engana…

06/11/2008

Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas”, afirmou, em tempos que já lá vão, o então Primeiro-Ministro Cavaco Silva. Ao recuperar um termo que não faz sentido, há séculos – a raça portuguesa – O Presidente da República enganou-se. Pior que cometer um erro, é insistir nele, não o corrigir nem o admitir. Ser Português, como já aqui escrevi, é ter a Pátria no coração. A cor da pele é um factor secundário. Como o prova o facto de um dos poucos militares portugueses a quem foi concedida a mais alta condecoração nacional, por feitos heróicos em combate, na Guerra do Ultramar – a Ordem Militar da Torre e Espada – ser o falecido capitão-comando João Bacar Djaló.


General Rocha Vieira “receia fim da Liberdade”

04/07/2008

“É tempo ‘para voltarmos aos valores essenciais, para defendermos a memória dos que construíram Portugal independente, para honrarmos a responsabilidade de deixar aos sucessores mais do que aquilo que herdámos dos que nos antecederam’, afirmou o general Rocha Vieira, de acordo com o Correio da Manhã, no discurso que assinalou o Dia do Combatente.

 

Ora aqui está uma afirmação com a qual eu poderia concordar. Mas a memória dos homens é curta. Já ninguém se lembra que o general que agora brama, preocupado, com a independência nacional, quando andou lá pelo “bordel da Pátria”, como lhe chamou uma jornalista do Público, não parece ter tido grande preocupação em cumprir deveres fundamentais para com o seu comandante – o então Presidente Jorge Sampaio.


A tolinha Nayma e o pragmático Obikwelu

01/21/2007

Duas visões negras do mesmo mundo

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Francis Obikwelu e Nayma Mingas são capa na Única, do Expresso, e na Tabú, do Sol. Coincidência, na mesma semana, dois negros serem as capas destas duas revistas. Tal como a foto utilizada pelo Diário de Notícias para ilustrar uma peça sobre o desporto escolar em Portugal: quatro crianças (negras) a jogar à bola. Faz sentido? Bem, para o Daniel Oliveira e para o Boaventura Sousa Santos, faz. Quanto aos temas de capa das duas revistas, Nayma revela que é uma tontinha de cabeça vazia, ao dizer que nunca viu um mendigo em Angola e que ficou chocada, em Portugal, ao ver um mendigo pela primeira vez. Se ainda havia dúvidas sobre a incompatibilidade da beleza e da inteligência, julgo que ficaram esclarecidas. Ou então a jovem aristocrata angolana anda a confundir Zurique com Luanda. Já Obikwelu se revela mais realista, ao dizer que é preferível ser-se trolha na Europa do que campeão em África. E mostra muita lucidez – o que é algo inexistente em Nayma – ao afirmar que a culpa da pobreza, em África, é dos dirigentes e que os africanos não foram feitos para viver em Democracia. Tenho um tio que esteve 60 dos seus 80 anos em África que diz o mesmo.

Ps – Reparo agora que estive afastado do meu blog cinco longos dias. E noites, diria o camarada que os militantes do PCP garantem ser português (erro, era estalinista…) Bem, despachados alguns afazeres pessoais e profissionais mais complexos, cá estou. De regresso e quase a fazer um ano…


O chupista de África – Vasco Prazeres, irmão gémeo espiritual do Tiago Pregueiro

12/11/2006

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Numa revista que é distribuída com as edições do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias, escreve um senhor cujo único “lastro”, que eu saiba, é ser médico. Tem uma página só para isso, e nela imprime aquilo que eu designaria, com alguma ironia, por prazeres solitários. Recentemente (3.12.06) o dr. Vasco Prazeres – assim se chama o espécimen – contesta o direito dos países em ter fronteiras. Admirados? Confusos? Então leiam o que se segue. O dr. Prazeres admite que os países soberanos possam invocar “o inalienável direito a manter a inviolabilidade das fronteiras por parte de estrangeiros”. Não admite é que os Estados Unidos tenham o direito de o fazer, na sua fronteira com o México. O dr. Prazeres acha que a vedação com o México se compara ao Muro de Berlim. O dr. Prazeres estará no pleno domínio das suas faculdades mentais?

O dr. Prazeres puxa depois pela lágrima, fala na “invasão marítima” da Europa, perpretada pelos africanos e, invocando as criancinhas, pergunta: “Como se explica a uma criança que chupámos África, as Américas e o Oriente durante gerações e gerações (…) mas agora não somos capazes (não queremos) ajudar o Continente Negro a viver (bem) por si próprio?” Bom, eu não sei o que é que o dr. Vasco Prazeres andou a fazer, antes do 25 de Abril. Mas cada um responde por si. Eu cá não andei a chupar africanos, nem americanos nem chineses. Outro problema levantado pelo dr. Prazeres, a propósito da imigração ilegal africana: “Como se justifica, perante os mais novos, que não aceitamos que à nossa porta batam, pedindo guarida, aqueles cujos domínios nós próprios invadimos, no passado, sem pedir autorização, e deles nos servimos a nosso belo prazer?”

Aqui, já posso dar uma ajudinha ao dr. Prazeres. Justifica-se da seguinte forma: eles correram-nos ao tiro, quando nós lá estávamos. Portanto, se os africanos pretendem fazer, em Portugal, a mesma coisa que nós fizémos – invadi-los – temos todo o direito de não aceitar que “nos batam à porta”. E, caso seja necessário, a fazer o mesmo que els nos fizeram. Já agora, recomendo ao Tiago Pregueiro a leitura deste texto do dr. Prazeres (e vice-versa). Vocês são duas almas gémeas. Estou mesmo a imaginá-los numa praia do Algarve, com um cartaz nas mãos a dizer “Irmãos africanos, bem-vindos, a minha casa está à vossa disposição”, quando as pateras começarem a lá chegar.